Pequenos feixes de Luar entravam pelas janelas entreabertas, tornando possivel ver uma jovem parada, sozinha, no fundo do quarto. Era majestosa em sua estatura mediana, e parecia emoldurada por um manto de cabelo negros. As paredes erguendo-se à sua volta, de modo que parecia perdida entre as sombras. Estava perdida e não era um demônio, ou talvez fosse.
As manchas na sua blusa simples não eram falsas e nada tocara seu rosto perfeito, tão belo e finamente cinzelado quanto uma Virgem de mármore, com aquele cabelo servindo-lhe de véu negro. O homem deitado à cama acordou, piscando com a luz pálida, ergueu-se para vê-la, e quase se curva em uma reverência, admirado. Ele tinha cabelos negros, uma face radiante e pele morena. O Homem apaixonado. Dava quase vontade de aplaudir seu semblante luminoso, e seus brilhantes olhos pretos, como se tudo não passasse de uma ilusão magistral, quando na verdade ele era apenas um demônio.
Então ela viu, a face do demônio, flutuando na chama da vela acesa, seus olhos sem idade circundado por cílios escuros. Seus lábios inteiramente imóveis, e quando ela o encarou, ele pareceu sorri sem fazer o menor movimento. Olho-o com toda atenção, certa de que haveria alguma ilusão poderosa que ela captaria se ficasse concetrada.
Ele tinha ímpetos de agarrá-la, de sacudi-la até que seu rosto imóvel seria obrigado a se mexer, a revelar sua canção suave. E subitamente ela estava colado a ele, seu braço circundando meu peito, seus cílios tão próximos que os via brilhar sobre a órbita incandescente de seu olho, sua respiração suave, inodora, contra a sua pele. Ela era o Pecado.
Ele estendeu a mão tocando seu rosto. Mas ela estava distante dele, como se nunca tivesse se aproximado, então recolheu os dedos e recuou por um instante. Novamente levantou-se o mumúrio daquela canção inarticulada. E ele viu nas trevas aquela garota mortal o fitando, ele se levantou inquieto, queria se aproximar em silêncio, atraído por ela e sem conseguir se controlar. Ela era bela demais, com seus olhos castanhos, muito intensos... Aquele olhar zombando dele , aquela vida consciente o desafiando. E sentiu o aroma de sua carne. Passado o momento de desorientação ele acenou para ela, que se aproximou, com olhar corajoso e excitado, chegando sobre a luz da vela.
Ela o havia visto, estava ali esperando-o, e ao se proximar soltou um gemino infantil. Na verdade parecia muito com uma criança, apesar de já ser mulher. Apenas uma leve ruga na carne tenra dos olhos, traía sua idade. Seu busto, era maravilhosamente moldado pela seda branca e transparente que lhe cobria o corpo, e seus quadris, apesar de estreiros, davam à saia longa uma angulosidade sensual. Quando chegou bem perto, pode sentir a alma dele se contraindo.
Ele a olhava com a cabeça inclinada pelo desejo. Ela não era irresistível? Ela falava com ele, sua voz era suave, saltitante em sua dor. Tornava-a irresistível assim como o movimento de seu colo desnudo e da sua mão que flutuava. Ele ergeu seus cabelos negros e lentamente puxou o cordão da sua blusa. O tecido fino cedeu, as mangas escorregaram por seus ombros. Via-se o pano caindo, deixando a pele pálida e imaculada pulsando sobre um coração, e os mamilos deixando o tecido escorregar precáriamente até chegar ao chão.
Ela mordeu os lábios, e um murmúrio excitado correu o ar quando seus seios ficaram a mostra. Ela tentou soltar o pulso, mas ele a segurou com força, ela sorriu e seu sorriso parece um suspiro de primavera.
Ele nunca tinha sentido aquilo, nunca o tinha experimentado esta entrega de uma mortal consciente. Mas antes que pudesse empurrá-la para seu próprio bem, viu sua pele de marfim, seus movimentos que pareciam uma dança suave, o suor que escorria pelo seu peito. Ela oferecia-se para ele, agora encostava seu corpo todo no dele. O Demônio deixou escapar um suspiro, mas ela se chegou mais, seu lábíos sobre sua pele morena, algo que deveria lhe parecer sujo e inapropriado.
Ele tentou recuar, mas absolutamente não se mexeu, seu braço exercia uma pressão firme, ele não conseguia largá-la, a vela dela ardia em seus olhos, ele sentia o calor do corpo dela, branco, liso, suave... Então ele mergulhou em seu corpo, seu sexo rijo encostando nela e , apaixonado, a ergue do chão. Onda após onda , as batidas do coração palpitante dela penetravam nele, enquanto, flutuando, ele se balançava com ela, devorando seu corpo, seu êxtase, seu prazer consciente. Há desejo, sexo e o calor do suor....
Em quem ele depoistaria sua paixão? Até para um demônio era impossível resistir a sua beleza.
E o nome daquele pecado era Luxúria...