Esse blog fora necessariamente criado por duas pessoas que não necessitam contar seus segredos,amores, medos, alegrias e angústias mostrando seus respectivos rostos... Nós escrevemos da forma como vemos o mundo, em nossas mentes fantasiosas... Somos a Mortal e o Demônio, e sejam bem-vindos ao nosso refúgio.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Eu sou tudo
Posso ter a face de perfume amadeirado com feromônio e suor. Posso ter o cheiro de dardos de prazer...
Enquanto caminho por esses corredores, eu vejo. Cercam-me, essas almas sem um vestígio sequer de pudor, e eu me acerco delas. Entrelaçamos braços, e pernas e no instante seguinte, é quando eu sou...
Sou a água morna do chuveiro, que escorre pelo corpo percorrendo caminhos indecentes e acariciando a pele com volúpia.
É por mim que a secretária cansada se liberta de sua prisão moral, e deixa deslizar seus dedos - com unhas bem manicuras - por entre as pernas. Eu guia sua mão, enquanto ela levanta sua saia e se deixa penetrar por um amante imaginário, ou então mais dois , ou três, ou cinco. Todos eles representações dos homens mais baixos e vis, aos quais ela nunca se entregaria.
Eu atravesso cada sombra, e torno-me as palavras sujas que os amantes sussurram ao pé do ouvido. Transformo-me o balançar irritantemente lento de quadril, e faço parte desse ritual antigo e complexo onde dois dividem um leito em sigilo, e se vão sem deixar vestígios. Ele sabe que não é certo. Ela, por sua vez, também sabe, mas já é tarde demais - já houve tempo demais - para se arrepender. Eles brindam a mim com seu sexo, mil vezes mais sublime que o que eles encontram em casa, com seus cônjuges cinzentos e inexpressivos.
Eu não me restrinjo ao sexo, sou o suor que desgrenha os cabelos e os suspiros carregados de ânsia. Eu vivo nos lençóis de seda, no colchão profundo, na camisola transparente.
Estou na dança, no tango, no flamengo, na gafieira... Qualquer estilo que dance bem de perto, coxas entrelaçadas, olho no olho, sinuosamente.
Nos lugares escuros eu sou o tato, do casal de adolescente que dividem o quarto, os segredos e a insônia. Trocam entre si beijos desajeitados, e toques inconsequentes de carne jovem e rija. Minha voz são os suspiros que eles não entendem, e só quando dormem é que me vou.
Nas avenidas eu sou o som dos saltos, sou o corpo que foi bem cuidado e que insiste em atrair os olhares dos homens que ela não deseja, mas que tem a obrigação de adora-la, nas suas pernas firmes, pelas fendas dos seus decotes. Sou seus olhos que caçam os homens de família só para fazer com que eles voltem para casa frustrados por não a terem.
Longe das luzes, farejo por becos escuros, por vielas abandonadas onde não se deve caminhar sozinho. Mas ele sempre espreita porque sempre há uma desavisada – e elas têm sempre o perfume de flores e são tão lindas e seus gritos mais parecem cânticos de anjos quando ele as agarra pela raiz dos cabelos e as puxa para si. Eu me torno resistência e força e luta e choro e roupas rasgadas e urgência e dor e morte e êxtase que não cessa até que a madrugada quebre seu silêncio e me leve consigo.
Sou todos os pecados em um só...
Sou as mãos que deslizam, a pele suada, o abraço forte, os beijos eternos. Saliva, línguas, pernas trançadas, costas nuas, pescoço marcado, mordidas suaves e toques ariscos.
Posso estar de quatro, de costas, de lado, das formas que Deus manda e como o Diabo gosta.
Sou um animal sensual, tântrico, ou virtual.
Desejo, tesão, orgasmos, êxtase, e glória.
Estou no olhar, e as vezes ao telefone. Mas sempre na imaginação.
É a minha força nos braços que lançam a mortal para o berço do demônio, lá dentro é o meu desejo nas pernas que se enrolam nos quadris dele. Eu sou a única testemunha e a única razão.
Enquanto percorro caminhos desconhecidos, eu corro pelas suas veias, ganhando vida no seu sangue. Eu o acompanho e coordeno, toco seu espírito com meu perfume. Mesmo que você feche os olhos, eu leio sua alma.
Posso ter o sabor da pequena morte ou de uma vida ávida em conhecê-la. Posso ser o que você vê, o que você quer ver. Sou tudo o que você quer.
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