segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Uma palavra sincera

Eis-me aqui outra vez....
Eu inflei-me de orgulho e cortei minhas correntes, dizendo a mim mesma que poderia seguir meu caminho sem ninguém. Eu fui grossa e mesquinha, já morri de amores e por amores matei. Libertei-me de meu mestre e fui embora sem olhar para trás... E depois de tudo que aconteceu quem pode me julgar? Quando eu mais precisei, eu tinha um milhão de pessoas ao meu redor... Mas a única que realmente importava não estava lá.
Quando meu mundo ruiu eu voltei ao mesmo lugar em busca de apoio, e me vi mais uma vez naquele quarto escuro sem Suas asas. Quando minha "família" me renegou, vim a procura do meu verdadeiro lar outra, e mais outra vez.... Ele estava vazio.
Eu fui chamada de mentirosa, egoísta, prepotente e arrogante!
EU.... Você consegue imaginar uma coisa dessas? Não? Nem eu. Mas é verdade!
Eu vi todas as minhas bases ruírem e a única pilastra que deveria estar lá, não estava.
Como posso permanecer de pé? Como você pode me julgar por ser malvada e venenosa?
Então você partiu sem olhar pra trás.
E então eu parti.... tentando não olhar pra trás.

But Now You're Blind


Duzentas e quarenta luas pelas atrás....
Você me disse que eu era a estrela mais brilhante.
Que você se guiava em minha luz,
e nela se banhava.
Eu te disse que estaria com você,
enquanto você olhasse para mim.
Em algum momento no presente minha luz se apagou...
Alguém tapou seus olhos?
Ou foi só você que os fechou para mim?

segunda-feira, 22 de abril de 2013


Quanto tempo faz? Não importa mais....
Não aguento mais ouvir : Tic...Tac... Tic... Tac.
Eu já não venho aqui a tanto tempo...
Eu já não tenho mais meu lugar secreto para compartilhar meus pensamentos sombrios.
Onde estão todas aquelas penas caídas ao meu redor?
Onde estão todos aqueles ombros amigos e aqueles abraços apertados?
Onde estão os segredos compartilhados?
Onde está a inocência nos olhos da criança?
Em que parte do caminho tudo ficou para trás?
Porque as estradas por onde eu sigo todas só me mostram uma direção?
Sei que eu não estou sozinha nessa estrada, mas porque ela me parece tão vaiza?
HEY, QUEM APAGOU AS LUZES?
Quem vai me guiar? Quem vai me proteger dos monstros no escuro?
Por que as coisas sempre pioram antes de melhorar?
Onde estava você quando eu precisava conversar?
Eu nunca me permitir chorar aos olhos de qualquer outra pessoas que não fosse você.
Onde PELOS SETE CÉUS DE ARAMIS, estava você quando eu só queria derramar um única lágrima?
Onde você estava quando eu tive que tomar as piores decisões?
Onde você estava quando devia estar do meu lado?
Onde eu estava....
Eu sei que tudo isso vai passar. Tudo sempre passa um dia.
Vou continuar com meus capítulos secretos, mesmo que seja para ninguém além de mim.
Eu sei que tudo isso vai passar. É só um momento. Mas essa estagnação me mata.
Eu sei que tudo vai passar...
Pelo menos eu voltei para cá, mesmo que com aquele insuportável nó na garganta.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Eu sou tudo



Posso ter a face de perfume amadeirado com feromônio e suor. Posso ter o cheiro de dardos de prazer...
Enquanto caminho por esses corredores, eu vejo. Cercam-me, essas almas sem um vestígio sequer de pudor, e eu me acerco delas. Entrelaçamos braços, e pernas e no instante seguinte, é quando eu sou...
Sou a água morna do chuveiro, que escorre pelo corpo percorrendo caminhos indecentes e acariciando a pele com volúpia.
É por mim que a secretária cansada se liberta de sua prisão moral, e deixa deslizar seus dedos - com unhas bem manicuras - por entre as pernas. Eu guia sua mão, enquanto ela levanta sua saia e se deixa penetrar por um amante imaginário, ou então mais dois , ou três, ou cinco. Todos eles representações dos homens mais baixos e vis, aos quais ela nunca se entregaria.
Eu atravesso cada sombra, e torno-me as palavras sujas que os amantes sussurram ao pé do ouvido. Transformo-me o balançar irritantemente lento de quadril, e faço parte desse ritual antigo e complexo onde dois dividem um leito em sigilo, e se vão sem deixar vestígios. Ele sabe que não é certo. Ela, por sua vez, também sabe, mas já é tarde demais - já houve tempo demais - para se arrepender. Eles brindam a mim com seu sexo, mil vezes mais sublime que o que eles encontram em casa, com seus cônjuges cinzentos e inexpressivos.
Eu não me restrinjo ao sexo, sou o suor que desgrenha os cabelos e os suspiros carregados de ânsia. Eu vivo nos lençóis de seda, no colchão profundo, na camisola transparente.
Estou na dança, no tango, no flamengo, na gafieira... Qualquer estilo que dance bem de perto, coxas entrelaçadas, olho no olho, sinuosamente.
Nos lugares escuros eu sou o tato, do casal de adolescente que dividem o quarto, os segredos e a insônia. Trocam entre si beijos desajeitados, e toques inconsequentes de carne jovem e rija. Minha voz são os suspiros que eles não entendem, e só quando dormem é que me vou.
Nas avenidas eu sou o som dos saltos, sou o corpo que foi bem cuidado e que insiste em atrair os olhares dos homens que ela não deseja, mas que tem a obrigação de adora-la, nas suas pernas firmes, pelas fendas dos seus decotes. Sou seus olhos que caçam os homens de família só para fazer com que eles voltem para casa frustrados por não a terem.
Longe das luzes, farejo por becos escuros, por vielas abandonadas onde não se deve caminhar sozinho. Mas ele sempre espreita porque sempre há uma desavisada – e elas têm sempre o perfume de flores e são tão lindas e seus gritos mais parecem cânticos de anjos quando ele as agarra pela raiz dos cabelos e as puxa para si. Eu me torno resistência e força e luta e choro e roupas rasgadas e urgência e dor e morte e êxtase que não cessa até que a madrugada quebre seu silêncio e me leve consigo.
Sou todos os pecados em um só...
Sou as mãos que deslizam, a pele suada, o abraço forte, os beijos eternos. Saliva, línguas, pernas trançadas, costas nuas, pescoço marcado, mordidas suaves e toques ariscos.
Posso estar de quatro, de costas, de lado, das formas que Deus manda e como o Diabo gosta.
Sou um animal sensual, tântrico, ou virtual.
Desejo, tesão, orgasmos, êxtase, e glória.
Estou no olhar, e as vezes ao telefone. Mas sempre na imaginação.
É a minha força nos braços que lançam a mortal para o berço do demônio, lá dentro é o meu desejo nas pernas que se enrolam nos quadris dele. Eu sou a única testemunha e a única razão.
Enquanto percorro caminhos desconhecidos, eu corro pelas suas veias, ganhando vida no seu sangue. Eu o acompanho e coordeno, toco seu espírito com meu perfume. Mesmo que você feche os olhos, eu leio sua alma.
Posso ter o sabor da pequena morte ou de uma vida ávida em conhecê-la. Posso ser o que você vê, o que você quer ver. Sou tudo o que você quer.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Maçã Saborosa





E assim se inicia o que eu sou…

Dedos que rasgam tecidos de roupa frágeis… Mâos percorrendo uma pele quente e macia…

Uma língua que passa por uma barriga morna… Leves gemidos acompanhando-a…

As mãos, novamente, agora apertando uma cintura perfeita… um gemido de desejo, clamando pelo dono daquelas mãos…

Um órgão íntimo, e a língua novamente… explorando um ponto fixo… os gemidos aumentam…

Por fim, uma voz feminina clama, dessa vez, pelo seu macho da espécie…

Ela a quer tanto quanto ele a quer… deseja ser preenchida, simplesmente isso… Quer saciar sua libido, e ele também a quer…

Sou o que proporciona o delírio, a paixão, a vontade alucinante… sou o alimento dos amantes, sou a energia gasta prazerosamente… sou o que te faz derramar litros de excitação surante toda sua vida.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O nome do Pecado

Faz muitos anos desde que essa epopeia teve seu inicio... Ou talvez nem tantos....
Mas por todos eles eu vaguei por entre vocês, sem ser ninguém além da menina, da mortal, da protegida...
Nunca, nem por uma vez, disse-lhes meu nome
Permitam que eu me explique, e verão que não fui minha culpa. 
Eu morri e renasci, mas quando se morre nosso passado morre junto... Eu acredito que cada um tem o nome que lhe pertence, e o meu antigo nome já não me pertencia mais... 
Por favor eu lhes peço que não me perguntem qual era, pois eu mesma não saberia responder... Eu o possui a muito tempo, quase em outra vida ou tão perto disso que não faz a menor diferença...
Mas eu estou divagando... O que eu estava falando mesmo? Ah, sim! Meu nome.
Morri, voltei...
Passei de protegida à protetora
De amante à amada...
De menina à mulher...
Essa sou eu... 
Nova e velha, recriada, reinventada...
Hoje eu sei porque eu chorava as lágrimas do mundo quando meu anjo negro me encontrou....
Eu nunca poderia ser sua salvadora, pois fui eu quem lhes levou a perdição...
As vezes me espanto como pude mudar tanto em apenas 12 ciclos de lua plena....
Cometi o último de meus pecados. Entreguei-me ao comum, mundano, as necessidades da carne, ao desejo.... Vive a última de minhas experiências...
Nada mais justo, penso eu. Eu coloquei vocês nesse mundo perdido, porque eu mesma deveria permanecer pura? Como posso curar os males do mundo se não os conheço?
Por isso passei por todos eles... 
Provei da Ira que levou Athena a transformar sua mais bela sacerdotisa em uma górgona...
Banhei-me nas mesmas água em que Narciso definhou em vaidade....
Provei todas as comidas de todos os lugares, e deliciei-me em minha gula...
Inflei-me de orgulho e matei todo aquele que tentou feri-lo...
Invejei sem escrúpulos o que nunca seria meu...
Fiquei até tarde na cama, e morri de preguiça infinitas vezes.
Neguei ajuda aqueles que precisavam de apenas uma moeda...
E por último.... Entreguei de braços abertos, corpo e alma a Luxúria...
Os sete da perfeição e os sete de pecados.
Talvez eu tivesse feito o certo em nunca ter me apresentado a vocês...
Sei que muitos de vocês odiar-me-ão quando souberem meu nome.
Acho que nessa altura todos sabem quem eu sou, mas para aqueles que ainda não sabem, deixem que eu me apresente...
Senhoras e senhores...
Eis-me aqui perante vocês, para arcar com as consequências de meu atos..
Eu sou Pandora.
E se serve de consolo, também me odeio por ter aberto aquela maldita caixa.




terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perdão é para os Pecadores


Anos, milênios, talvez até algumas Eras se passaram desde a última vez...
Ou foi um pouco menos? Não sei ... talvez...
Pegou suas malas e pôs-se a andar, no mesmo instante que aprendera a amar e odiar.
Hoje, o filho pródigo regressa ao lar... As estradas sempre estiveram abertas, para ir ou voltar.
Suas feições são as mesmas, talvez mais leves... talvez doces... E na boca mil histórias para contar. 
Fostes porque quiseras, nunca estivera preso. Voltara pelo mesmo motivo.
Eu sempre estivera aqui, esperando... E sempre estive lá com ele, junto dele, nele.
Agora ajoelha-se e perdes perdão. 
Perdão? Não há porque perdão... 
Perdão é para pecadores, e se seguir seu coração é pecado. Que todos estão estejamos condenados.
Mas se para voltar precisas de meu perdão, então perdoo-te pelos crimes que não cometeu.
E a partir desda data, aquela magoa sem remédio é considerada nula, e sobre ela silêncio perpétuo. 
Extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar para trás. 
Lá atrás não há nada. E nada mais.